Você tem dúvidas se está dependente de alguma droga?
Você não está sozinho!
Olá a todos! Hoje abordarei o tema do comportamento dependente em relação às drogas. Antes de tudo, é importante esclarecer o que são drogas. De acordo com a definição da OMS (1993), “droga é toda substância natural ou sintética que, quando introduzida no organismo vivo, pode modificar uma ou mais de suas funções”.
Isso significa que qualquer substância ingerida que afete ou altere o sistema biológico é considerada uma droga. Portanto, tanto a cocaína quanto uma pílula anticoncepcional se enquadram nessa definição.
Drogas terapêuticas e recreativas
As drogas utilizadas de forma terapêutica são fabricadas de acordo com protocolos de vigilância sanitária. Elas passam por fiscalização, sua produção e distribuição são legalizadas, e profissionais de saúde estão disponíveis para orientar sobre os efeitos colaterais e a forma adequada de uso, a fim de evitar complicações. Essas são as chamadas drogas medicamentosas.
No entanto, quando falamos de drogas recreativas, é importante entender que existem substâncias legais e ilegais.
Tanto as drogas psicotrópicas legalizadas (como álcool e tabaco) quanto as ilegais (como maconha, cocaína, heroína, LSD etc.) têm um objetivo em comum: proporcionar uma sensação de bem-estar. O usuário consegue alcançar essa sensação porque a substância atua no sistema de recompensa cerebral, que compreende qualquer estímulo prazeroso, como temperatura, comida, amor, entre outros. No entanto, essas substâncias também podem levar à dependência.
Vamos refletir um pouco sobre isso :
Quando estamos passando por um momento difícil, algo que nos deixou tristes ou frustrados, é provável que busquemos atividades que melhorem nosso humor. Muitas pessoas recorrem à comida, ao sono, a conversas com amigos, à prática de exercícios físicos e também às drogas, pois elas geram uma sensação de bem-estar.
O problema surge quando algumas pessoas passam a depender excessivamente de uma atividade prazerosa, que pode ser destrutiva a curto ou longo prazo. Como já mencionado, atividades prazerosas podem levar à dependência, que ocorre quando só conseguimos realizar algo se a substância estiver presente. Além disso, muitas vezes somos influenciados pelo uso dessas drogas pela mídia e pela cultura em que estamos inseridos, o que reforça o uso recreativo de psicotrópicos quando queremos nos sentir melhor. É importante ressaltar que o uso de substâncias recreativas não é proibido, mas é necessário analisar o contexto em que serão consumidas. Ou seja, devemos evitar situações de risco, como beber e dirigir. A forma adequada seria evitar o consumo de álcool nessas circunstâncias.
Agora, vamos esclarecer os tipos de dependência existentes de forma didática.
Dependência psicológica
A dependência psicológica ocorre quando uma pessoa condiciona comportamentos ou atividades ao uso de uma substância. Por exemplo, alguém só consegue se divertir em uma festa se estiver sob o efeito do álcool, ou só consegue dormir se tiver fumado maconha. Existem muitos exemplos desse tipo de dependência, mas, em geral, essas pessoas utilizam essa estratégia em busca do prazer e de uma sensação de bem-estar.
Dependência física
A dependência física ocorre quando o organismo da pessoa se acostuma ao uso de uma determinada substância, de modo que tanto o uso quanto a interrupção desse uso geram desregulações no organismo. Por exemplo, uma pessoa consome bebida alcoólica para evitar sintomas desagradáveis, como febre, alucinações e outros efeitos negativos da abstinência.
Podemos observar uma diferença significativa entre esses dois tipos de dependência. No primeiro caso, o usuário busca o prazer, enquanto no segundo caso, a droga é usada para evitar o desconforto.
Principais indícios de que uma pessoa está dependente de alguma substância:
- Começa a ingerir a substância independentemente da situação. Se antes a utilizava apenas em confraternizações, agora passa a usá-la sozinha e em outras situações que não eram usuais.
- Percebe que precisa de quantidades maiores da droga para obter os mesmos efeitos de antes.
- Existe um desejo persistente ou esforços malsucedidos para reduzir ou controlar o uso da substância.
- Perda de controle sobre a rotina, deixando de realizar atividades que costumava fazer para utilizar a droga.
- Perda de prazer nas atividades que antes eram prazerosas.
- Muito tempo é dedicado a atividades relacionadas à obtenção da substância, ao seu uso ou à recuperação dos seus efeitos.
- Uso contínuo da substância, mesmo diante de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou agravados pelos efeitos da droga.
Aqui está uma animação que ilustra a evolução da dependência química (Autor desconhecido):
Referências utilizadas
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE: Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas. Tradução: Dorgival Caetano, 1ªed. Porto Alegre: Artes Médicas, 69-82, 1993
Psicologia e Arte
Um pouco sobre dependência química
Sinopse – “Trainspotting – Sem Limites”
“Trainspotting – Sem Limites” é um filme dirigido por Danny Boyle, baseado no romance de Irvine Welsh. A história se passa nas ruas de Edimburgo, na Escócia, e segue a vida de um grupo de amigos envolvidos no mundo das drogas.
No centro da trama está Mark Renton (interpretado por Ewan McGregor), um jovem viciado em heroína que tenta escapar desse ciclo de autodestruição. Ao lado de seus amigos viciados, como Sick Boy (interpretado por Jonny Lee Miller) e Spud (interpretado por Ewen Bremner), Mark enfrenta os desafios da dependência química em uma jornada tumultuada.
O filme retrata de forma crua e realista os efeitos devastadores das drogas na vida dos personagens, ao mesmo tempo em que aborda questões mais profundas, como amizade, lealdade e a busca por uma vida melhor. Com uma narrativa não linear e uma trilha sonora marcante, “Trainspotting – Sem Limites” mergulha nos altos e baixos emocionais dos personagens, mostrando as consequências impactantes de suas escolhas.
Ao longo da história, o público é confrontado com a dura realidade da dependência química, ao mesmo tempo em que testemunha momentos de humor negro e reflexão sobre a vida. “Trainspotting – Sem Limites” é um retrato poderoso e provocativo de uma juventude marginalizada, lutando para encontrar um sentido e um propósito em meio ao caos das drogas.
Trailer – “Trainspotting – Sem Limites”
Onde assistir: HBO Max
Reflexão
O filme “Trainspotting – Sem Limites” oferece uma oportunidade de reflexão profunda sobre vários aspectos relacionados à dependência química e ao comportamento humano. Sob a perspectiva da terapia cognitivo-comportamental, podemos analisar alguns temas presentes no filme e como eles se relacionam com os processos cognitivos, emocionais e comportamentais dos personagens.
- Crenças e pensamentos distorcidos: No filme, os personagens têm crenças e pensamentos distorcidos relacionados ao uso de drogas. Eles acreditam que as drogas oferecem uma fuga dos problemas da vida, uma fonte de prazer e uma solução para suas dificuldades. Essas crenças distorcidas os mantêm presos em um ciclo vicioso de dependência, prejudicando sua capacidade de tomar decisões saudáveis e buscar alternativas mais positivas.
- Reforço e condicionamento: O comportamento de busca das drogas é reforçado pelas experiências prazerosas imediatas que elas proporcionam. Os personagens associam o uso de drogas com momentos de prazer e escapismo, o que fortalece o vínculo entre a substância e o bem-estar emocional. Esse condicionamento cria um ciclo de recompensa que torna mais difícil para eles resistirem ao desejo de usar drogas.
- Influência social e ambiental: O filme mostra a influência significativa do ambiente e dos pares na manutenção da dependência química. Os personagens são influenciados por amigos que compartilham do mesmo estilo de vida e que validam e encorajam o uso de drogas. Além disso, o ambiente em que vivem, marcado pela marginalidade e pela falta de perspectivas, também influencia seus comportamentos e escolhas.
- Autocontrole e autorregulação emocional: Os personagens do filme lutam para exercer controle sobre seus impulsos e emoções. Eles têm dificuldade em lidar com situações estressantes e em regular suas emoções sem recorrer às drogas. Essa falta de habilidades de autorregulação emocional contribui para a manutenção da dependência, pois as drogas são usadas como uma forma de lidar com o desconforto emocional.
- Consequências negativas e tomada de decisão: O filme retrata as consequências negativas associadas ao uso de drogas, como problemas de saúde, desintegração das relações sociais, perda de oportunidades e autodestruição. No entanto, os personagens continuam a usar drogas, muitas vezes ignorando ou minimizando as consequências negativas em busca do prazer imediato. Isso evidencia a dificuldade que eles têm em tomar decisões que levem em consideração o bem-estar a longo prazo.
Em suma, “Trainspotting – Sem Limites” nos convida a refletir sobre os padrões de pensamento, emoções e comportamentos associados à dependência química. Sob a lente da terapia cognitivo-comportamental, podemos perceber a importância de identificar e desafiar crenças distorcidas, desenvolver habilidades de autorregulação emocional, fortalecer o autocontrole e considerar as consequências a longo prazo ao tomar decisões relacionadas ao uso de substâncias.
Oportunidade
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